Titia não tem direito a... nada TURBO GAME

Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré!

A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer.

A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé.

Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler.

Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.

João Grilo (O Auto da Compadecida)

Ando numa de começar com itálico, perceberam? Não sei de onde tiro essas coisas. Muito menos como as relaciono com o que quero dizer. Sei não... só sei que foi assim. Viu?

A história é antiga, a promessa também, mas a cobrança é recente.

Há alguns dias o ilustre Gagá do Gagagames deixou um comentário com mil anos de atraso aqui no GLStoque e teve a pachorra de me cobrar uma história que havia prometido. Acredita?

Como pessoa sã que sou, adorei a cobrança, me empolguei e me inspirei a contar o que realmente aconteceu com meu Turbo Game.

Se você não pode com fortes emoções, nem deveria ter entrado aqui.

Bem Honesta!

O babado sobre o dia em que ganhei meu primeiro console já foi contado, mas uma parte da trama ficou escondida por motivos pessoais... Na verdade, eu não queria queimar cartucho utilizando duas narrativas em um só texto.

Claro!

Ou você acha que criatividade dá em árvore?

Resumindo: Ganhei o Turbo Game de aniversário, comprado de um velho amigo por um cheque de R$ 40,00 às 20:00 horas com 3 cartuchos e 3 chips. O videogame durou pouco.

E é sobre isso que falarei.

Depois de alugar uns 2 cartuchos e de morrer infinitas vezes no 5º castelo de Zelda I resolvi visitar uma velha locadora da cidade na intenção de alugar o cartucho pelo qual esperei anos para jogar novamente no Turbo Game, Mega Man V.

Cartucho alugado, fim de semana planejado.

Como meus pais eram estavam separados, sempre íamos, meu irmão mais novo e eu, passar os fins de semana na casa do meu pai. Ou quase sempre. Ou obrigados. Ou por vontade própria. Sei lá. Esses assuntos me confundem.

Lembro-me perfeitamente do dia.

Que já era noite.

Como a casa era pequena, dormíamos em um colchão na cozinha e assistíamos a uma televisão de 5 polegadas, daquelas de barbearia. Então, nada mais justo que colocar o videogame na telinha e jogar até cansar.

Não sei, não consigo saber se joguei na mini-tv ou se joguei na outra televisão que foi instalada em cima de uma mesa de bar da Brahma.

Quem se importa?

Só sei que não consegui chegar no Willy nesse dia. O Gyro Man e sua fase maldita foram mais fortes. Não consegui avançar. Fracassei.

Daí, como um bom menino dos anos 90, anotei o password em um pedaço qualquer de papel e fui dormir.

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Ao acordar... você não vai acreditar.

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Quem foi o filho da puta que estragou meu video-game!?

Sério. Achei que fosse morrer de tanto ódio. Não acreditei quando vi aquilo. Maria chorando começou a me explicar. Daí então eu fiquei aliviado e dei graças a deus q... Ahhhhhhhhhhh!

Algum ispritodeporco quebrou todos os conectores da entrada de cartuchos, literalmente. Todos os ferrinhos e pecinhas estavam amassados ou quebrados. Nada que não fosse humano poderia ter feito isso. Ou você acha que não desconfiei do cachorro?

Fiquei dois dias em silêncio.

Com o passar dos dias fui me conformando com a situação. Não descobri oficialmente quem foi o culpado. Ah não. Ah tá.

Éramos eu, meu pai, meu irmão e a 'muié do meu pai'. Eu não fui, meu irmão nunca, meu pai não iria quebrar uma coisa que ele comprou. Portanto.

Tem pata de jacaré, cabeça de jacaré, pinto de jacaré... só pode ser?

Enfim, acabei perdendo o juízo e vendendo os cartuchos originais mais arrasadores do mundo por R$ 20,00 para o mesmo amigo que me vendeu o Turbo Game. Com isso, perdi para sempre Legend of Zelda, Link's Adventure e Final Fantasy originais. Bicha Burra!

Sintam-se honrados por saberem disso, são detalhes muito obscuros e vergonhosos para uma rainha com a eu. Sinto-me plebeu.

Hoje não tenho nenhum resquício desse Turbo Game maravilhoso, apenas um primo dele roubado do meu primo que nunca funcionou. Droga!

Titia não tem direito nem a um Famiclone.

Aff.